aproveitando a segunda chance

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quinta-feira, julho 06, 2006


República Federativa da Burocracia


Nos últimos meses tenho vivido num certo limbo. E tudo isso graças à burocracia nossa de cada dia... Por ser brasileiro, eu até passo a tolerar uma burocracia ou outra, pois foi assim que vivemos até hoje, mas quando o que está em jogo é a saúde, isso não dá muito pra relevar.

Imaginem vocês que eu preciso fazer uma nova operação agora, dessa vez pra fazer um enxerto ósseo (vão tirar um pedaço da minha cintura e colocar entre os ossos que se encontraram na minha tíbia, como uma Durepoxi) e pra isso eu fiz os exames em abril. Desde então eu estou esperando ser operado no HTO, mas eles alegam que mesmo tendo apenas três pessoas na minha frente (na fila de espera pra fazer operações de fixador externo) eu ainda vou ter que esperar bastante pois "tá faltando leito no hospital"... e assim vai se passando o tempo. A última vez que perguntei a alguém responsável por isso lá, essa pessoa me disse que "bem provável" de eu ser operado lá pra AGOSTO, pois nesse mês ele vão fazer um mutirão de operações pra fazer a fila andar, mas mesmo assim não é garantido que seja em agosto mesmo, pode ser ainda depois... e por isso prefiro acreditar que vou operar À GOSTO de Deus... e só espero que Ele goste de mim...(ou ao menos não tenha se esquecido de mim aqui embaixo)

Em razão disso eu agora me sinto num limbo. Meu quadro clínico não evolui, mas também não retrocede, e a falta de evolução é algo que muito me incomoda: já não é legal viver como eu vivo agora, e ainda por cima não poder estimar um quadro de melhora em alguns meses...isso sim me faz lembrar que meu quadro é altamente deprimível e é com muita força que eu to aqui agüentando as pontas...

O que me angustia realmente nessa falta de perspectiva são as coisas que eu acabo perdendo em função disso. Eu tive chance de voltar a estudar esse semestre, mas devido à clara falta recursos (e nesse caso não são os financeiros) abri mão e deixei para o próximo semestre, quando vou estar bem melhor que agora (assim espero). O que eu não contava era que esses próximos passos fossem demorar ainda mais, o que já está seriamente ameaçando qualquer tentativa minha de voltar aos estudos no próximo semestre. Mais um semestre sem perspectiva de voltar a nenhuma atividade do dia-a-dia eu não sei se agüento...

Uma pessoa num estado como o meu passa a viver de estimativas. É estimativa pra qualquer coisa futura, já que o estado atual é o único que ela não quer permanecer, e então a esperança é como um cheque pré-datado que, apesar de ainda não descontado, você sabe que numa determinada hora aquela coisa esperada chega até você. Mas se a data de desconto desse cheque for constantemente alterada pra depois? É assim que me sinto agora.

No início desse ano fiz umas estimativas sobre quando eu ia retirar esses pinos da minha perna e voltar a andar: faço a operação, conto mais dez dias e passo a girar o espaçador; conto mais 80 dias e paro de mover o espaçador; espero mais 90 dias e se recalcifica a parte a reconstruir. Contando por baixo somavam-se seis meses. Nesse mesmo tempo eu também estimava: em três meses eu preparo o meu coto, em mais três meses eu aprendo a andar com a perna mecânica, somavam-se seis meses também. Seis meses tornou-se o prazo pra minha liberdade, e a contagem regressiva já começava naquela hora.

Seis meses não era um prazo fantasioso. Tinha sim um embasamento lógico para que ocorresse tal evento, milimetricamente calculado nas Condições Normais de Temperatura e Pressão, mas havia uma variável que era impossível de calcular junto: a burocracia. Acabou que o que tinha prazo pra acontecer ficou em aberto por tempo indeterminado. O tal dia de retirar os pinos era justamente hoje, mas ainda nem fiz a operação que eu devia ter feito na metade do caminho... e em decorrência disso, nada que eu fiz sobre preparação do coto até então serviu. Frustrante.

Começa a passar na minha mente porque que eu não fugi antes desse país. Não como um refugiado de guerra, pois nosso país não está em choque com nenhuma outra nação, mas sim em decorrência de algo que atrasa o nosso povo como um todo, tanto quanto uma guerra: eu seria um refugiado da burocracia.
 

Postado por Antonio Bordallo às 7:20 AM

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