aproveitando a segunda chance

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domingo, abril 30, 2006


Perna ruim, cabeça ÓTIMA


Manhã de domingo,
Vejo a equipe de vôlei feminino do Rio de Janeiro se sagrar campeã nacional. Sob os comandos de Bernardinho, o tecnico que, em função da intensidade do seu trabalho, acabou rompendo um dos ligamentos numa queda e por isso passou a coordenar seu time de uma cadeira de rodas.
Tá bem que o problema dele é infinitamente menor que o meu.Como ele, minha etapa pela cadeira de rodas é temporaria (mesmo a minha sendo muito mais longa), mas eu gostei de saber que o fato dele estar numa cadeira de rodas não o impediu de continuar tendo suas glórias. Muito disso se deveu ao fato dele não ter se sentido incapacitado por esse problema. Um exemplo a ser seguido, inclusive por mim...
=)
 

Postado por Antonio Bordallo às 3:04 PM

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sexta-feira, abril 14, 2006


Humor Cadeirante


Pode parecer improvável, mas descobri que existem situações irônicas que só mesmo um cadeirante pode passar...isso , claro, se o portador da mesma tiver bom humor suficiente para encará-las como irônicas...

Na última quarta fui num restaurante desses quiosques da Lagoa e em pouco tempo me deparo com 3 situações engraçadas.

Ao subir a rampinha que dá acesso às mesas do restaurante que escolhi, o garçom que me recepciona, muito do educado, me diz algo que realmente ele deve usar tanto de praxe que se tornou automático, e já que eu sou um caso a parte, o resultado foi hilário:

- Boa noite... por favor, gostaria de se sentar?
- Não, muito obrigado, já estou sentado...

Só restou a ele dar um risinho de sua gafe e constatar que está tratando com alguém que, além de cadeirante, é um palhaço...

Ao chegar na mesa, aproveitando o embalo de bom humor, chego imperativo:

-Ae amigo, tira essa cadeirinha daqui da mesa porque a minha cadeira eu já trouxe de casa...

Acreditei que por hora já fosse o bastante, mas depois do jantar, ao pegar um táxi de volta pra casa, o taxista, apontando pra mim, pergunta pra minha amiga:

- Ele cabe no porta-malas?
Não perdi pedi tempo e disse:
-Minha cadeira até cabe porque ela é desmontável, mas comigo dentro eu acho que não...

O cara ficou meio sem graça, mas depois viu que eu estava apenas aproveitando o momento pra fazer ironia do que nem todos tem preparo emocional para isso...

...

E assim vou vivendo... só pode sorrir e achar graça da vida quem tá vivo... não importa como você seja, sempre haverá uma chance de você encarar a vida de uma forma divertida.
=D
 

Postado por Antonio Bordallo às 6:58 PM

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segunda-feira, abril 10, 2006


O Problema do Transporte



O hospital em que me trato é muito bom em vários sentidos, mas tem um que, mesmo sendo muito bom em atendimento, fica um pouco a desejar no que se refere a organização: o transporte de pacientes.

Esse serviço é feito por uma empresa terceirizada em que dispõem de uma frota de ambulâncias muito boa, porém sinto algumas deficiências no que se refere à organização do mesmo.

O serviço em tese é para pacientes retornando de internação, recém operados e outras causas excepcionais. Me encaixo nessa segunda por uma simples lógica: além de ser amputado de uma perna, a outra ainda me dói muito, o que de cara me impossibilita de pegar um ônibus (o que particularmente eu até preferiria, pois seria menos stress...e mesmo metrô, se houvesse estação próxima à Lapa...) e além disso há o problema financeiro, pois, se eu tentasse ir para lá de táxi toda vez que eu tiver que ir para fisioterapia e também para ser atendido isso me complicaria ainda mais... calculem quanto eu gastaria: 30 reais cada vez que vou lá... ultimamente , devido à fisioterapia, tem semanas que eu tenho que ir entre 3 e 5 vezes por semana... imaginem quanto sairia no final do mês? Aliem a isso o fato de eu NÃO ESTAR TRABALHANDO, ou seja, sem uma entrada garantida de dinheiro, apenas recebendo apoios esporádicos de um amigo ou outro... é...parece que tão difícil quanto à dor é tentar organizar uma forma menos complicada, burocraticamente falando, de tentar resolvê-la...

Particularmente eu sinto um certo exagero quando vêm me buscar, uma vez que normalmente mobilizam um ambulância inteira, que cabem 2 pacientes, para me levar e trazer sozinho... confesso que um banquinho de carro já me deixaria feliz...argumentei isso hoje com um encarregado pelo transporte ao telefone. Ele disse que os carros são apenas para a diretoria, que pacientes tem que ir de ambulância independente da condição...então tá...

Tirando esse inconvenientes de se conseguir o transporte, ainda há a espera que eu passo lá no hospital para voltar pra casa... houve vez que esperei por 5 horas eles me levarem de volta... pode até ser um serviço que me oferecem, mas mesmo assim me bate uma indignação... até porque passo a pensar que se eu tivesse pelo menos 15 reais pro táxi de volta, eu poderia estar em casa há 5 horas atrás...mas enfim, passou....

Eu falei tudo isso acima porque há pouco liguei para confirmar o transporte de hoje, para fisioterapia, e amanhã , no caso, Ortopedia. Levei um sermão do encarregado, jogando todos os cachorros em cima de mim, como se fosse um luxo meu ter transporte mais de 1 vez na semana, et cetera e tal...foi um daqueles discursos que você tenta explicar, mas o cara não para de falar e apenas diz, "não, você ta certo, mas..." e dana de falar sem parar... foi assim por uns 7 minutos non-stop e depois disso só me restou desmarcar então a ambulância da fisioterapia de hoje, pra garantir que vão me levar para o hospital amanhã, que é dia da Ortopedia...

Bem, acredito que eu não precisava passar por esse constrangimento, mas de qualquer forma se ele tivesse me ouvido, talvez passaria a pensar diferente.
Deve haver um problema sério de logística nesse departamento, uma vez que soube por exemplo do caso de 2 remoções que tiveram que fazer para Jacarepaguá (pra quem não é do Rio, é um bairro muito longe, que leva mais de 1 hora e 15 pra chegar lá), uma às 8 e outra às 11 horas...em vez de levarem os dois pacientes numa única viagem, eles levaram um de cada vez...
Isso sim é falta de gerenciamento e não conceder transporte à quem precisa.

O futuro dessa história ainda é incerto, essa semana também tenho atendimento de fisioterapia e psiquiatra na quarta-feira e de fato não faço idéia como que eles vão resolver isso, se é que eles vão resolver...


É, Antonio...já não basta a vida ser complicada, ainda consegue ter gente que complica ainda mais... mas vou levando, só não sei até quando...
=S

(como eu queria um carro...)
 

Postado por Antonio Bordallo às 6:07 AM

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terça-feira, abril 04, 2006


Recebendo o próprio Atestado de Óbito


No momento que escrevo isso aqui, completam-se 11 meses do meu acidente. Mês que vem o meu martírio completa um ano. Um ano que poderia ser jogado no lixo.

Sempre que chega esse horário, entre 13 e 14horas (o horário que ocorreu o acidente), eu me sinto estranho de alguma forma. Agora estou com uma dor de cabeça bem forte, mas isso ainda não me impede de desabafar aqui, até porque hoje aconteceu uma fato que apesar de já estar esperando por ele há meses, eu sabia que me sentiria estranho quando ele chegasse.

Hoje recebi o meu Atestado de Óbito.
Isso mesmo, gente. Eu não morri, mas uma parte de mim sim. E por ela ter morrido, ela não pode ser jogada no lixo ou ficar perambulando por aí. Por isso que ela mereceu um sepultamento. E em conseqüência disso, um documento para oficializar que ela está morta.
É muito estranho pensar nisso. Esse “morto” um dia foi parte de mim, mas agora já não mais. Ele está enterrado num lugar onde eu nem sei, e que portanto não posso nem visitá-lo. Isso realmente me incomoda. Só que existe algo nesse documento que me incomoda ainda mais: uma carimbo bem grande no canto da página onde lê-se , com a maior letra impressa no papel, a palavra INDIGENTE.

INDIGENTE? Como, porra? Eu to aqui, a perna tinha dono, meu nome tá no papel, e como dizem isso? Me sinto ultrajado a cada momento que leio essa palavra no documento. Se fosse pra ser chamada de indigente, que colocassem ela de volta em mim, porque EU SEI quem é o dono daquela perna. Fico preocupado com o destino dela. Não gostei mesmo de saber que um órgão que eu tanto estimava foi considerado um indigente.

Me sinto ainda mais estranho agora, sabendo que, mesmo vivo, vou passar o resto da minha vida carregando um Atestado de Óbito de mim mesmo... e pior de tudo, como INDIGENTE...

=(


obs: se quiser visualizar melhor o documento, clique em cima da imagem
 

Postado por Antonio Bordallo às 10:40 AM

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