aproveitando a segunda chance

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domingo, maio 27, 2007


Realizando sonhos em sonho


Acabei de acordar nessa manhã de domingo e tive que relatar aqui o meu sonho.

Sonhei que estava passeando numa motocicleta que, dependendo da situação, virava automaticamente uma bicicleta: em alguns trechos pedalava, noutros acelerava com o guidão... tudo à minha bel vontade, e onde era conveniente. Era estranho que mesmo no sonho eu me via amputado, mas na hora de pedalar eu sentia fazer força igualmente com as duas pernas...

Os lugares que eu passava pareciam um patchwork de épocas e hora do dia: desci por um trecho no Humaitá, onde no sinal fechado à noite trocava uma idéia sobre moda com uma mulher que parecia que conhecia já faz um tempo, mas na vida real não faço a mínima idéia. Seguia adiante e passava por ruas calmas no Jardim Botânico no que parecia ser uma tarde... cheguei no Baixo Gávea bem de manhãzinha, só que não aparentava ser o que hoje é: lá eu via só mato, campos de mato irregular à beira da lagoa, com senhores bigodudos indo jogar futebol com roupas brancas compridas,quase sociais,e uma bola de couro marrom, isso sem falar no bigodão deles... via também algum animalzinho com um cervo,um bezerro, não lembro bem. Olhava para as montanhas ao fundo e não lembro de ter visto a estátua do Cristo... Ao mesmo tempo, mais a frente, via também um movimento de pessoas como se estivesse numa pequena cidade de veraneio, um movimento pequeno, mas aprazível...

Fiquei me questionando sobre o porquê de eu ter tido esse sonho... não demorei muito pra associar que ESSE TRECHO DO HUMAITÁ EM SENTIDO À LAGOA ERA JUSTO O QUE EU IA FAZER DE BICICLETA LOGO APÓS CRUZAR O TÚNEL ONDE SOFRI O ACIDENTE. Essa ordem estranha de Noite-Tarde-Manhã, logo após interpretei que é um sinal do tempo indo pra trás... não preciso dizer mais nada, né?
 

Postado por Antonio Bordallo às 8:35 AM

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quinta-feira, maio 17, 2007


Acho que estou perdendo essa guerra


“Acabei de acordar de um sonho. Meio que sem querer, ele me mostrou algumas coisas na dimensão que elas realmente são, o que me deixou alarmado.
Sonhei que estava no metrô, e tinha uma garota que me pareceu interessante, só que ela nem me dava bola. Minutos depois chega um cara e começa a dar um papo em outra garota que está a minha frente... e conquista. Tempos depois chega mais gente ao metrô e nisso aparecia uma amiga minha da época de colégio, que eu supunha que estivesse nos Estados Unidos. Ela se surpreende mais comigo do que eu com a presença dela: “Nossa, como você ta gordo, Antonio...” ela disse. Como resposta, declarei: “ É, acho que estou perdendo essa guerra...”.
Essa declaração, na verdade, condensou tudo que está realmente acontecendo. Não com a lente otimista do Antônio, mas visto do jeito que elas realmente são, em 3ª pessoa.
Isso tudo começa no despertar do dia. Acordar e constatar de primeira que não tenho uma perna é uma dificuldade que, apesar de acostumado depois desses 2 anos, soa como uma má noticia já pela manhã. Depois disso, abrir o olho e a primeira coisa que vejo é a cadeira de rodas encostada na minha cama é outra coisa bastante desestimulante, feia.
Monto então nesta que eu acabo de maldizer, me encaro no espelho que tem em meu quarto e vejo que não sou mais como era: mesmo tendo a certeza de que meu interior foi a parte que mais mudou, o meu exterior mudou e muito...pra pior. Normalmente as pessoas tem saudade de suas formas físicas da juventude quando chegam na meia-idade, na velhice. Já eu tenho o dissabor de sentir saudade da forma que tinha há dois anos somente... sempre tento quebrar esse ciclo vicioso de “ não me cuido porque ninguém repara em mim e ninguém me repara porque não me cuido”, mas mesmo me cuidando, as mulheres não reparam mesmo: vocês não sabem o quanto uma cadeira de rodas tira de atração de uma pessoa... parado, andando, correndo, em nenhuma posição você parece uma pessoa atraente. Parece um grande preconceito meu, mas é o que andei reparando, nesse tempo todo andando com ela e ainda mantendo o costume narciso de outrora de olhar minha figura num mínimo reflexo de vidro, e o que vejo não é tão legal quanto antes. Bem, eu conheço algumas cadeirantes que são mesmo muito bonitas e elegantes, mas tenho certeza de que elas sem a cadeira, andado, seriam ainda melhores... entendem o que eu digo? (é bom eu me explicar direito antes que me acusem de preconceito e etc...).
Continuo meio vaidoso, mas essa vaidade não é tão suficiente pra eu ser um cara que as pessoas olham com homem. Podem até olhar e pensar: ‘Nossa um homem tão bonito e forte... numa cadeira de rodas...” . Broxante isso,né? Pois é assim que eu sinto alguma mulheres olhando pra mim... me sinto um “zero-à-esquerda-sexual”. Posso meio que estar reclamado de atenção, mas tem sim pessoas que em tese se fazem interessadas sim, mas sei q fazem isso porque estão distantes, agüentar a situação de perto não é coisa que qualquer uma tá preparada, e nisso, é muito mais fácil optar por um um cara menos interessante que ande do que um Antônio que desfila em cadeira de rodas... O stress por estar do lado de um cara chato, nesse caso, é bem menor... por isso então eu criei uma metáfora pra essa situação que eu já estou cansado de passar. Me sinto como se estivesse numa corrida de carros e, mesmo sendo o piloto mais competente, mais apto a vencer, eu sempre sou passado pra trás por outros menos preparados pelo simples fatos deles conduzirem carros normais e eu pilotar um fusca... Não importa o quanto competente eu seja, já vi pelos resultados que sempre saio em desvantagem e fatalmente perco.
Voltando a “um dia na vida de Antônio”, depois de passar por tudo o que passo, eu ainda tenho a pachorra de ir à rua. Vocês todos lêem aqui que estou saindo na rua, indo a vários lugares, mas faço isso de abusado que sou. Vejo claramente que esses não são preparados pra mim, assim como nem as pessoas estão preparadas. Me sinto inconveniente, um ponto destoante que ninguém esperava que estivesse lá. Bonito isso pode parecer de primeira, mas passando por isso em primeira pessoa, soa meio como se eu fosse ridicularizado. Um estabelecimento não coloca rampas ou escadarias não é porque é “distraído”... na real ele faz isso porque ele não quer alguém com cadeira de rodas entrando lá e pronto. Não existe medida discriminatória mais discreta do que colocar degraus. Dessa forma, elegantemente, você está ponto um cartaz bem grande que diz “nesse estabelecimento (principalmente bares e boites) só são bem-vindas pessoas (supostamente) bonitas”. Em lugares normalmente destinados a idosos ou cadeirantes, esse vai sim ter uma rampa. Um estabelecimento ou outro pode se tocar e então fazer, mas nesses dois anos eu v lugar que prometeu colocar rampa e até hoje to esperando... não tenho mais nada mais a declarar sobre isso. Só me resta esperar que na entrada do Céu, São Pedro também barre esses caras pra antes terem um papo com a “Chefia”...
Sobre amigos, eu nem queria comentar, mas acho digno deixar algo registrado. É fato que muitos amigos, nem na época que estava andando, eu os via freqüentemente, e desses eu eximo toda a culpa, mas aqueles que, se não todo fim de semana a gente combinava de sair, pelo menos uma vez por mês nos víamos, posso dizer que fui abandonado mesmo. Dizer que não tem tempo e tal... beleza... nem eu tinha tempo naquela época, mas sempre dava pra se ver, mesmo que prum chopp. Poderia, claro, livrar a cara de um e de outro, se fosse coincidência demais que 95% das minhas amizades tivessem desaparecido. Depois nego aparece dizendo que ta com saudade, que não dava mais tempo de me ver.... enfim. Sei que foi de uma forma dolorida, mas tive o privilégio que poucos têm, de ver se aproximar os amigos de verdade e se afastar os que eram apenas de fachada. Triste isso? Principalemnte quando você tem um real sentimento de amizade pela pessoa, saber que não vai poder mais dar e pedir conselhos, se divertir, sair junto, contar com ela... é algo muito triste e que custa a se acostumar. Simplesmente acho todos eles ridículos quando penso em cada um, e desejo que sejam bem felizes todos sem exceção, mas LONGE de mim. A ´nica metáfora que eu tenho pra dizer pra eles é que “ a flor está murchando...e se ela morre, a culpa é do jardineiro”.


Pode parecer inveja, mas sei que não é.... meio que parte um pouco o coração ver que seus amigos vão pras boites, bares, raves... viajam, curtem uma praia, vivem nos “rolos” com uma paquera ou outra... e eu não. Me sinto com se estivesse vendo uma festa pela vitrine. Só não entrei ainda nesse tal de Second Life (pra quem ainda não conhece, é uma rede social besta que simula a vida real pelo computador) porque eu acho a idéia de viver baseado no mouse , teclado e monitor muito ridícula. Não quero brincar que estou curtindo a vida. Quero sim sentir a brisa do mar, o sol queimando minhas costas, a água revolta e salgada do mar, a movimentação das pessoas curtindo uma praia ou uma balada... sentir de novo aquilo que só quando a gente está apaixonado... quando eu escolhi por viver (naquele momento trágico), eu escolhi por viver ISSO que eu acabei de escrever e não o que estou vivendo.
Não bastasse todos esse problemas e ontem um dos médicos do HTo me diz que da forma que está, meu osso não vai crescer reto... que como alternativa a consolidar a tíbia meio envergada como está, só tem duas saídas: ou tento operar mais uma vez ( isso se o ortopedista QUISER me operar), ou então AMPUTAR ESSA PERNA ESQUERDA TAMBÉM... Não foi a primeira vez que me disseram que eu ia sofrer bem menos do que sofro hoje, que a recuperação seria mais rápida e prática... bom, por esse lado eu concordo, mas... seria esse um bom preço? Não sentir nunca mais cócegas no pé, não ter mais nenhum apoio, nem que este seja um tanto frágil... depender sempre de ajuda extra... sei lá, não estou pronto pra isso, se eu ao menos tivesse uma perna ainda sobrando, mas ficar sem as duas vai doer na alma, na dignidade. Estaria jogando aí esses dois anos de luta no lixo, pois 95% do que sofri até hoje foi por causa dessa perna, que pensam em serrar e jogar fora. Talvez agora vocês entendam o porquê de todo esse desabafo e o titulo do texto.

Sei lá, só quis anunciar ao mundo que eu, por mais esforços que ando fazendo, vejo claramente que estou perdendo essa guerra.
Sempre fui um sonhador, mas quando chega o momento que mais nenhum destes sonhos conseguem se realizar, é sinal que algo está no fim.
Às vezes eu mesmo me pergunto porque não deixei pra virar lembrança mesmo...à dois anos. Tirando minha a minha mãe, sei que seria mais fácil pra todo mundo, inclusive pra mim.”


O que foi tudo isso?
Uma mera reflexão ao despertar do dia...

PS: ao final de um dia de completo desabafo e incertezas, uma boa noticia...
Veja nesse link q tem até vídeo...
http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL38367-6174,00.html
 

Postado por Antonio Bordallo às 9:40 PM

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domingo, maio 13, 2007


O acaso em boa hora


A última segunda-feira foi minimamente especial. Acordei cedo, como todos os dias venho fazendo desde novembro, mas dessa vez foi especial: era o último dia obrigatório de aula no curso de guia turístico. Todos os sacrifícios que fiz – e que outrora havia dito que seriam impossíveis de ser realizados – todas as amizades feitas, e o mundo novo de perspectivas que se abriram pra mim ao longo destes quase seis meses, estavam se concluindo. Um ciclo se fechou, e agora não sei se me transformei em outra pessoa – melhor, mais forte – ou se o que mudou mesmo foi o meu olhar, que conseguiu então enxergar tudo isso que eu já era antes. O que importa é que concluí, e agora posso declarar, para qualquer órgão oficial, o que eu já me considerava ser desde 2002: um GUIA DE TURISMO.
Acordar às 6h, sair de casa às 7h15 pra chegar lá às 8h foi um sacrifício diário , pra esse cara aqui que não é muito de acordar cedo. Mas a paciência, e a própria certeza de que ao chegar no curso ia valer muito à pena, me fizeram ir em frente, empurrando minha cadeira de rodas com toda a força, mesmo cansado a ponto de chegar invariavelmente suado em sala de aula todos os dias. Foi muito duro passar em dez cidades diferentes, me locomovendo de cadeira de rodas e sem saber o que me esperava, também por inúmeras vezes ter que me arrastar pelo chão dos ônibus de turismo... o problema nem era só pela sujeira em si de um chão, mas a dor que dava nos meus braços depois de tanto ir pra lá e pra cá... em todos esses momentos, eu somente pensava comigo mesmo, às vezes em voz alta, falando baixinho: “ Um dia isso acaba...”. É... aparentemente acabou, mas não pra mim. Pra mim só vai acabar de fato quando eu não precisar mesmo me arrastar e empurrar uma cadeira de rodas, aí sim vai chegar o dia em que tudo isso vai ter acabado...

Apesar de tudo isso, naquela manhã de segunda-feira eu estava me sentindo leve... era uma das últimas vezes que eu teria que percorrer aquele longo trecho, e por isso mesmo eu não estava empurrando minha cadeira com aquele sensação de “ pqp, mais um dia...” que vez por outra tomava meu pensamento quando por lá passava.
Talvez por essa “sintonia com o Cosmo”, aconteceu uma coisa que eu não esperava: ao dobrar a esquina na rua da Assembléia com a rua do Carmo, às 8h da matina de uma segunda-feira, eu acabo por encontrar o Dr. Marcelo Bassani, ninguém menos do que o médico-cirurgião que havia me operado no dia do acidente... No início nem acreditei muito que era ele, numa hora tão inesperada, mas era sim. Conversamos por uns poucos e bons minutos, um resumão dos meus recentes passos em rumo a total recuperação. Ele ficou bem feliz com o que soube e me desejou mais sorte ainda do que já ando mostrando ter... Já que ele tá na minha lista de amigos dos Orkut, perder totalmente o contato é o que não vai acontecer...
Já que nem eu tava acreditando que estava encontrando ele, há exato 2 anos e 3 dias do momento mais crucial da minha vida (e que ele teve papel fundamental), pedi pra tirar uma foto com ele, até mesmo pra acreditar que aquele encontro ao acaso tinha acontecido esmo. Como prova, a foto é esta aí abaixo:




Fui pro curso radiante, ainda mais feliz do que já estava, e acreditando que não foi por acaso que eu o encontrei naquele momento.
Quando me despedi dele, não deixei de agradecer pelo que ele fez por mim há pouco mais de dois anos. Ele respondeu: “Que nada, você foi quem se ajudou, quem fez o trabalho mais difícil...”.

=D
Posted by Picasa
 

Postado por Antonio Bordallo às 2:14 PM

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quinta-feira, maio 03, 2007


Há dois anos


Há dois anos eu me lembro bem... tinha acordado num dia de sol forte, bonito... e aquela atmosfera calma, de esperança em dias melhores que rodeava deixava meus dias com um jeito realmente único. Em poucos dias eu ia decidir qual data eu ia embarcar pra Europa e realizar o sonho de uma vida inteira, que era tentar a sorte fora do Brasil. Me preocupava não somente com os trâmites necessários e o intelecto, mas também com o físico: queria chegar bem no Velho Continente. Vaidoso como sou, freqüentava há uns bons meses a academia e podia dizer que estava quase no ápice da minha forma física.
Como quase todos os dias, fui pra academia um pouco depois do meio-dia e então fiz minha série. Na hora de queimar calorias após o treino, em vez da monotonia abafada de uma bicicleta ergométrica dentro da academia, optei pela natureza de uma brisa ao ar livre. Destino? Lagoa Rodrigo de Freitas, pra uma ou duas voltinhas, dessa vez cruzando o Túnel Velho, que é bem pertinho da academia. Desci a rua e entrei no túnel com a cautela de sempre. Aqui a história acaba.

Daquele momento em diante, outra história começa. Terror, desespero e sofrimento, mas o personagem era o mesmo da trama anterior. E tudo isso com uns 2 minutos de diferença...

O que era a preparação para um sonho virou uma luta desesperada pela sobrevivência. Naquele asfalto escaldante, que era onde minhas costas já arranhadas se apoiavam, eu pedia ajuda. Implorava pra não ficar sozinho. Mesmo que eu morresse, não queria morrer sozinho, desamparado, sendo observado de longe por pessoas que me olhavam assustadas, ainda sem entender como aquele cara, que tava moído lá embaixo , ainda tinha forças e demorava pra morrer... Do meu ponto de vista eu não via dessa forma. Eu não enxergava minha perna quebrada como uma perna quebrada: eu via aquilo como a concretização da aniquilação dos meu sonhos... foi doído demais ver tanto empenho, tempo e dinheiro investido num sonho jazendo ali comigo.

O Antonio vaidoso que vocês conhecem, podia dar um “Stop” naquela hora e voltar a fita, tentando a sorte de novo em outra vida... mas talvez a curiosidade de ver como ia acabar esse filme me estimulou a continuar. Apesar disso ainda acredito na tese de que eu só não acabei minha história ali porque Deus viu que minha mãe ia encher muito o saco d’Ele se isso acontecesse: deixar a mim triste é uma coisa, entristecer minha mãe é algo bem diferente...

E assim segui, só pra ver aonde que esse filme acaba. O caminho pode ser árduo, mas o gostinho da vitória, se houver vitória, deve ser algo de único. Glória sem sofrimento não tem mesmo valor do que uma vitória sofrida, e já que eu tenho essa chance...vamos ver.

Eu sabia que o caminho não ia ser fácil, mas confesso que não sabia que era tão difícil... e apesar disso , ainda não me vejo nem na metade do caminho. A vida pra mim é como um corredor inclinado: ou eu faço força e vou pra frente, ou fico parado e cada vez mais vou sendo empurrado pra baixo...

A parte ruim do texto acabou aí em cima. O que de bom eu tenho pra contar é que nesse ano eu decidi comemorar... UMA CELEBRAÇÃO À VIDA! Não vou pensar na perna que perdi, mas na vida que eu reconquistei, no compromisso que eu reassumi com a vida de que eu quero SIM viver, e não apenas vivo porque Deus me desperta todas as manhãs pra “mais um diazinho chato”... é realmente um saco constatar toda vez ao acordar que não tenho uma perna, mas... o que eu posso fazer pra mudar o mundo e a minha vida até a hora de voltar pra cama? É pra isso que todo dia me levanto e pulo pra minha cadeira de rodas.

Nos últimos meses não postei nada aqui. Falta de vontade ou inspiração? Nada... falta de TEMPO mesmo... levei tão a serio o fato de querer me ocupar pra não sentir tanto o tempo passar que acabei praticamente sem tempo pra quase nada. A parte boa é que eu me senti tão produtivo e hiperativo como antes do acidente, ou seja, senti que ainda to vivão mesmo.
Se eu fazia o curso de guia turístico de manhã e fisioterapia à tarde, a partir do dia 1º de fevereiro minhas noites passaram a ser ocupadas também: consegui pelo Pro-Uni uma bolsa integral pra estudar Moda na Universidade Cândido Mendes! Um sonho realizado que estou me saindo muito bem. Adoro cada vez mais o que estou estudando, as colegas de turma me deram um novo ânimo no que se refere a convivência social... me sinto outro agora. Elas me fizeram ver que mesmo estando numa cadeira de rodas, eu posso sim ser uma companhia divertida, agradável, e isso é uma motivação a mais que em outros tempos eu não tinha. Nesses dois cursos, pelo fato das pessoas já terem me conhecido assim como estou, sinto mais sinceridade deles ao se aproximarem de mim, pois a maioria esmagadora dos que andava comigo antes do acidente sumiram. Se aproximaram muitos outros que eu nem esperava, e se houve uma fato positivo nisso tudo que vivi, foi o de ter visto claramente quem são meus amigos mesmo e quem apenas dizia da boca pra fora... um privilégio, nesse mundo superficial que vivemos...
O curso de guia também me proporcionou uma nova perspectiva: me mostrou que minha força de vontade era maior do que eu imaginava ter. Acreditava que ia fazer os tours de laboratório apenas quando estivesse andando, mas não tive medo e quase que sem querer, encarei TODAS as viagens... com muito planejamento, vontade e ajuda dos amigos, “conquistei cidades” como Petrópolis, Angra dos Reis, Parati (a mais difícil), Niterói e suas praias oceânicas, Cabo Frio, Búzios, São Paulo, Campos do Jordão e Aparecida do Norte... tá bom pra vocês? Depois de toda essa luta, faço o último city tour esse sábado, e depois posso me considerar o primeiro guia cadeirante formado no estado do Rio...

=D

As conquistas foram muitas, mas deixei uma luta de lado. Pra cumprir com todas as exigências dos cursos, acabei esquecendo um pouco minha recuperação, que a propósito, era a parte que menos esperança andou me dando: o osso não consolida, a prótese incomoda, fico sem energia pra fazer fisioterapia... enfim. Com o fim do curso de guia, vou concentrar todas minhas energias pra voltar a andar. Os cursos que faço e a nova convivência social que passei a ter , me mostraram de forma ainda mais explícita tudo que estou perdendo de curtir por não estar já andando, e isso foi estímulo suficiente...e quero é mais!

Muito conquistei de um ano pra cá, agora pretendo conquistar mais coisas ainda na metade do tempo...veremos!
Esse texto já ta meio longo... eu só queria dizer isso mesmo.

¡GRACIAS A LA VIDA!
=D





 

Postado por Antonio Bordallo às 9:03 PM

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