terça-feira, julho 25, 2006
As fotos prometidas
Essa coisa aí que me deram parecendo uma minhoca ou qualquer outra coisa sem explicação se transformava logo depois em uma touquinha cirúrgica, acreditem... Dessa vez inventaram essa moda de colocar pulseirinha com o nome completo... pqp, depois só vai faltar colocar o nome da mãe, que nem maternidade... eu já vi usarem pulseira pra evitar penetra em festa, mas em penetra em hospital pra mim é novidade... Quarta-feira, 19 de julho, 6 e30...chegou a hora...cá estou eu pronto e esperando me buscarem pra sala de cirurgia 7 horas, já na maca ,a caminho da sala de cirurgia... ... 16:50, já depois da cirurgia, depois da anestesia ter passado e depois de ter comido algo. Sem dor, mas difícil ainda apreciar a vista, já que deitado minha visão não me dava tal privilegio... ...mas me levantando eu via isso... Detalhe do meu ombro, com um adesivo que vinha com um fecho que nem de bermuda, e ao fundo parte do meu quarto... A minha vista deitado, numa tediosa tarde de dia de observação (aquele que você não opera, não tem alta, não faz nada, aff... ) Minha carinha de “tirem me daquiiiii...” A única janela do corredor que realmente irradiava uma energia e luz legal estava fechada... eu ficava pertinho dela as vezes mesmo sem fazer nada...porque eu tinha certeza que do outro lado tinha uma vista bem bonita, pra Santa Teresa...mas a janela era lacrada a fecho de aço...só com maçarico ou alicate pra abrir, aff de novo... Ao menos minha mãe deu o ar de sua graça no dia, que mesmo com essa roupinha azul obrigatória, recebeu elogios da diretoria pela elegância desse lencinho no pescoço... =) . ..mas pra mim não adiantava...eu tava me sentindo mesmo como um interno esquecido de uma clinica psiquiátrica... =( ...mas ta bem, com minha mãe pedindo um sorriso pra foto, ficou difícil eu recusar... =) ...Na volta pra casa, recebo a encomenda de dois livros que comprei pela internet... já que tinha opção de enviar com papel de presente e cartão, aceitei, como um presente pra mim mesmo, e junto,um cartãozinho... =)
Demorei, mas conegui postar aqui. Abaixo, as fotos que tirei nessa internação que me submeti na semana passada. Enjoy.
Fotinha da hora da ida pro hospital, como já é de costume... dessa vez mais sereno, mais feliz...é assim q tem ser.... 
A chegada ao meu leito (número 426)... dessa vez num quarto bem mais privativo: só eu e mais um outro rapazim
=D 
Resolvi mandar um beijo na bochecha pra mim mesmo porque é algo que nem se que me esforçar eu vou conseguir fazer de verdade, hehehe...
Postado por Antonio Bordallo às 8:03 PM
Voltei
É gente...nessa sexta agora que tive alta. Me desculpem os que buscavam por notícias de como foi a operação, seja visitando aqui ou mesmo me procurando no MSN... fiquei com uma certa fobia de computador, ou ao menos da intensa comunicação em massa que ele me proporciona ultimamente. Mesmo assim vu responder os devidos e-mails e os scraps do orkut, apenas tenham paciência...
Sobre minha operação, devo dizer que não fizeram o tal enxerto. O motivo? A retirada desse osso da minha cintura deixaria algumas ligações nervosas soltas naquela área (como fios desencapados) e a dor que isso me proporcionaria seria tão grande que eu só conseguiria ficar deitado o tempo todo. Considerando o fato de que o pouco de posição em que posso estar hoje em dia, além de deitado, é sentado na cadeira de rodas, eles preferiram partir pruma alternativa.
Essa alternativa foi: trocar o fixador por outro modelo; brocar (isto é, furar com broca) mais 4 parafusos na área próxima daqueles outros 3 que estavam frouxos; brocar ainda mais minha tíbia, retirando algumas artroses (degenerações não inflamatórias de uma articulação) daquela região e encostando os ossos pra então ver se eles se colam. Leva-se em conta que isso além de incerto, vai ser num ritmo mais lento do que se fosse por enxerto...mas vamos levando...observando e rezando...
Meus próximos passos agora são: colocar carga nessa perna (isto é, pisar bastante, colocar peso nessa perna cheia de parafuso); aguardar pra ver se esse osso cola e preparar o coto pra colocar a prótese. Essa preparação é utilizar uma atadura elástica no coto, contraindo-o pra meio que drená-la e deixá-lo a ponto de encaixar numa perna mecânica...
Sobre dores, posso dizer que não tenho sentido NADA de dor,apesar da área aberta ter ficado um pouquinho feia dessa vez... mas exemplificando o quanto estou apto, voltei na sexta e no sábado logo dei um passeio aqui pela praia...sem problemas...
=)
Sobre fotos, de fato não tirei muitas dessa vez, mas as poucas que tirei vou postá-las aqui...
No próximo post, já que o Blogger resolveu dar problemas no upload das fotos justo agora, aguardem...
Não vou colocar fotos do novo fixador dessa vez porque, cá entre nós, eu achei que a perna agora está um pouco feinha...I’m sorry
Postado por Antonio Bordallo às 8:46 AM
segunda-feira, julho 17, 2006
E lá vão os médicos serrar e perfurar minha perna de novo...
Sei que realmente não estou tão assíduo aqui nesse blog. Não que eu esteja enjoado dele ou dando mais atenção ao fotolog, o que acontece é que eu não posso encarar esse blog aqui como uma obrigação, tenho que deixar rolar de acordo com minha vontade de escrever, senão perde o real tesão da coisa, né?
Só que tenho notado que não tenho comentado muito sobre meu estado físico por aqui. Na real tenho dado mais ênfase à minha parte psicológica, porque é somente ela que tem tido uma real mudança ultimamente. Isso porque estou esperando ser operado desde abril e só agora resolveram por em prática. E isso só aconteceu agora porque mostrei semana passada à eles que essa demora pra me operar já estava refletindo no estado da minha perna, pois essa chegou a um estado de ser operada com certa urgência, já que minha consulta foi na terça passada e quarta agora já marcaram de me operar.
Não é uma operação tão simples, mas mesmo assim não acredito que seja como aquela primeira no HTO, que tinha uma gravidade real. De fato o que eles vão fazer agora é um enxerto ósseo: eles vão tirar um pedaço do ilíaco (uma área do osso que fica na cintura – que se regenera como tempo) e vão colocar entre os dois ossos que se encontraram na minha tíbia, pois esses só vão colar se usarem esse pedacinho de osso como um Durepoxi... acredito que depois de 3 meses já cola tudo.
Eles não vão tirar os pinos dessa vez, mas creio (ao menos espero) que eles vão colocar um fixador menorzinho e que não rasque minha pele como esse de agora fez por longos 80 dias...
Sobre o cronograma estipulado, eu vou me internar amanha (3ª feira), eles devem me operar na 4ª bem cedinho e se eu tiver sorte, na 6ª ou mesmo na 5ª eles me liberam. Ao menos é assim que eu espero que aconteça...
Não vou prometer mandar boletins diários e com fotos em tempo real no meu blog ou flog, mas claro que se eu puder eu escrevo alguma coisinha sim. Aviso isso logo de antemão porque isso tudo faz parte de um processo de desgitalização que estou fazendo, pois essa vidinha em casa me deixa ainda mais plugado no computador do que os nerds habituais... Por isso que eu não venho sendo tão receptivo no MSN, não venho respondendo scraps no orkut tão rapidamente e outras medidas de antisociabilizaçao digital...me desculpem, mas eu to bem enjoado dessa vidinha de computador somente e sem sair muito de casa...
Bom, vou nessa.
Com a cara e a coragem que venho tendo habitualmente... me desejem sorte.
=)
PS: aguardem na volta mais fotos e mais crônicas com observações legais...
Postado por Antonio Bordallo às 6:48 PM
sexta-feira, julho 14, 2006
Uma questão interessante...e engraçada também
Essa semana vi um filme muito legal chamado Viva Voz (recomendo a todos) e nele teve uma conversa bme interessante sobre o que seria melhor: estar sem perna ou sme braço?? e apartir disso,até pelo desfecho engraçado, resolvi compartilhar com voces a cena. Vejam aí abaixo!
=)
Postado por Antonio Bordallo às 10:56 AM
Postado por Antonio Bordallo às 9:28 AM
quinta-feira, julho 06, 2006
Sonho Linhas Aéreas
Quem me conhece bem sabe que uma das coisas que eu mais gosto é de viajar. Com uma certa graninha ou um orçamento apertado, já consegui fazer alguns milagres como passar um mês na Argentina e também chegar até o Suriname, porém com esse probleminha que venho passando, essas coisas se tornam praticamente impossíveis... e meu espírito de viajante, curioso pelo que pode aparecer na próxima esquina, esse permanece... mas como então saciar tal sede que minha mente pede, vivendo praticamente num cárcere domiciliar?
Minha mente, como num recurso de desespero, quase canibalismo, resolveu consumir-se dela própria pra suprir tal dependência: passei a realizar o que não mais conseguia à luz do dia, ao fechar dos meus olhos, nos sonhos...
Esses sonhos vêm então suprindo de alguma forma essa minha carência por viagens, por ver pessoas que há tempos não vejo, e outras até que eu queria conhecer.
Tenho feito viagens fantásticas, que me passam direitinho a sensação de uma paisagem desconhecida até então, um cheiro de cidade desconhecida... eu precisava é disso.
As viagens são aleatórias, como se eu fosse pro Aeroporto do Galeão e pegasse o vôo mais próximo de partir...Entre essas viagens que eu fiz sem tirar a cabeça do travesseiro, já caminhei por uma rua de pedestres em Havana, onde vi um cinema dos anos 50 que até hoje penso nele... fui uma vez pra Florianópolis visitar uma amiga que há muito não via, já fui pra Montevidéu com uma outra amiga ( que na época estava distante e eu sentia saudades...) e essa semana ainda dei uma passada rápida em Berlim... nada relativo à Copa do Mundo, mas sim pra sentir a vivacidade de uma cidade em plena ebulição cultural pós-unificação...
Já havia escrito uma vez sobre minha presença no sonho dos outros, agora eu escrevo sobre o valor que os sonhos estão tendo pra minha recuperação. Nessa situação onde temporariamente perdi o que eu mais gostava, que era poder viajar, escapar do stress da cidade grande, o que me restou foi me desligar de tudo isso através dos sonhos. Agir é essencial para evoluir, mas enquanto não dá pra se fazer muito, sonhar pode ser uma bela saída.
Encaro esses sonhos como pequenas explosões de catarse da minha mente, a mesma de um pássaro que vivia voando pra lá e pra cá, e do nada passa viver numa gaiola...
Antes eu fosse um passarinho...teria perdido uma perna, e por isso mesmo passaria a maioria do meu tempo voando!...
=)
Se me falta agora a capacidade de ir e vir, a de sonhar ninguém pode me tirar.
Postado por Antonio Bordallo às 8:24 AM
República Federativa da Burocracia
Nos últimos meses tenho vivido num certo limbo. E tudo isso graças à burocracia nossa de cada dia... Por ser brasileiro, eu até passo a tolerar uma burocracia ou outra, pois foi assim que vivemos até hoje, mas quando o que está em jogo é a saúde, isso não dá muito pra relevar.
Imaginem vocês que eu preciso fazer uma nova operação agora, dessa vez pra fazer um enxerto ósseo (vão tirar um pedaço da minha cintura e colocar entre os ossos que se encontraram na minha tíbia, como uma Durepoxi) e pra isso eu fiz os exames em abril. Desde então eu estou esperando ser operado no HTO, mas eles alegam que mesmo tendo apenas três pessoas na minha frente (na fila de espera pra fazer operações de fixador externo) eu ainda vou ter que esperar bastante pois "tá faltando leito no hospital"... e assim vai se passando o tempo. A última vez que perguntei a alguém responsável por isso lá, essa pessoa me disse que "bem provável" de eu ser operado lá pra AGOSTO, pois nesse mês ele vão fazer um mutirão de operações pra fazer a fila andar, mas mesmo assim não é garantido que seja em agosto mesmo, pode ser ainda depois... e por isso prefiro acreditar que vou operar À GOSTO de Deus... e só espero que Ele goste de mim...(ou ao menos não tenha se esquecido de mim aqui embaixo)
Em razão disso eu agora me sinto num limbo. Meu quadro clínico não evolui, mas também não retrocede, e a falta de evolução é algo que muito me incomoda: já não é legal viver como eu vivo agora, e ainda por cima não poder estimar um quadro de melhora em alguns meses...isso sim me faz lembrar que meu quadro é altamente deprimível e é com muita força que eu to aqui agüentando as pontas...
O que me angustia realmente nessa falta de perspectiva são as coisas que eu acabo perdendo em função disso. Eu tive chance de voltar a estudar esse semestre, mas devido à clara falta recursos (e nesse caso não são os financeiros) abri mão e deixei para o próximo semestre, quando vou estar bem melhor que agora (assim espero). O que eu não contava era que esses próximos passos fossem demorar ainda mais, o que já está seriamente ameaçando qualquer tentativa minha de voltar aos estudos no próximo semestre. Mais um semestre sem perspectiva de voltar a nenhuma atividade do dia-a-dia eu não sei se agüento...
Uma pessoa num estado como o meu passa a viver de estimativas. É estimativa pra qualquer coisa futura, já que o estado atual é o único que ela não quer permanecer, e então a esperança é como um cheque pré-datado que, apesar de ainda não descontado, você sabe que numa determinada hora aquela coisa esperada chega até você. Mas se a data de desconto desse cheque for constantemente alterada pra depois? É assim que me sinto agora.
No início desse ano fiz umas estimativas sobre quando eu ia retirar esses pinos da minha perna e voltar a andar: faço a operação, conto mais dez dias e passo a girar o espaçador; conto mais 80 dias e paro de mover o espaçador; espero mais 90 dias e se recalcifica a parte a reconstruir. Contando por baixo somavam-se seis meses. Nesse mesmo tempo eu também estimava: em três meses eu preparo o meu coto, em mais três meses eu aprendo a andar com a perna mecânica, somavam-se seis meses também. Seis meses tornou-se o prazo pra minha liberdade, e a contagem regressiva já começava naquela hora.
Seis meses não era um prazo fantasioso. Tinha sim um embasamento lógico para que ocorresse tal evento, milimetricamente calculado nas Condições Normais de Temperatura e Pressão, mas havia uma variável que era impossível de calcular junto: a burocracia. Acabou que o que tinha prazo pra acontecer ficou em aberto por tempo indeterminado. O tal dia de retirar os pinos era justamente hoje, mas ainda nem fiz a operação que eu devia ter feito na metade do caminho... e em decorrência disso, nada que eu fiz sobre preparação do coto até então serviu. Frustrante.
Começa a passar na minha mente porque que eu não fugi antes desse país. Não como um refugiado de guerra, pois nosso país não está em choque com nenhuma outra nação, mas sim em decorrência de algo que atrasa o nosso povo como um todo, tanto quanto uma guerra: eu seria um refugiado da burocracia.
Postado por Antonio Bordallo às 7:20 AM
