aproveitando a segunda chance

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quinta-feira, setembro 29, 2005


HTO - A SAGA


Noite de quarta, finalmente encontro tempo de relatar mais detalhes dessa minha saga aqui no HTO.

MADRUGADA DE DOMINGO PRA SEGUNDA

Depois de cumprir todas minhas tarefas pré-internação, incluindo-se fazer malas, preparar blogs, flogs e provar o novo MacTasty, vou dormir às 4 e 44 ... e na seqüência sou desperto às 6 e pouco. Pretendia dar um pulo perto da praia, que era algo que havia pretendido fazer há tempos, mas por uma razão ou outra não havia conseguido fazer até então, apesar de morar há uns 5 minutos da praia... mas enfim, ao menos pedi para o taxista passar pela orla no caminho...

Chego no HTO com minha mãe umas 8 e 30 mais ou menos, me ponho a aguardar na "sala de check-in" até uma senhora chamar meu nome. Eu crente que lá estava começando minha internação...que nada. Era simplesmente pra moça me dar um refresquinho de manga com 5 cream crackers pra agüentar a espera...NINGUÉM MERECE!

Apesar de estarmos num hospital, as vezes me sentia mais num aeroporto ou terminal rodoviário, pois além do hospital não ser tão feinho como os outros da rede pública, as pessoas realmente pareciam estar em transito, todas com suas "bolsas de viagem" e tinha até televisão pra deixar a espera menos entediante...

Falando em entediante, parece que quando o papo é burocracia no serviço público, com tradição não se brinca. Não adianta o hospital ser referência nacional em ortopedia, se é público... Saibam vocês que mesmo chegando às 8 e 30, só fui atendido de fato às 13hs pela enfermeira-chefe, que depois me encaminhou pro ortopedista, que me atendeu às 14h e me encaminhou pra assistente social, que me atendeu às 15h e me encaminhou para alguém que ia me levar para o meu quarto, que me levou de fato lá pra umas 16 e 30... Aí ainda tive que ouvir meus direitos e deveres . Um dos deveres que tenho é de usar um conjuntinho azul ridículo... o que me consola é que meus acompanhantes também vão ter que usar um kimono azul ridículo também... Ainda tive que na seqüência fazer aquele "reconhecimento do terreno" básico..,e até que me surpreendeu bastante positivamente: tudo limpinho, novinho, organizadinho... Quando estive praticamente estabilizado no novo ambiente já eram umas 17:49, que foi a hora que bati essa foto de chegada, que deve estar postada mais abaixo... À essa hora já estava com o estômago nas costas... até sugeri à nutricionista ela liberar um delivery excepcionalmente pra mim, mas ela não achou boa idéia. Como consolo ela mandou um Gatorade de kiwi pra mim no lanche da noite (pena que posteriormente descobri que isso só rola na noite de véspera de cirurgia...).

O jantar chega finalmente às 18hs... levando se em consideração de que esta está na categoria "comida de hospital" até posso dizer que estava boazinha... mas não se iludam, pois abaixo dessa categoria, só mesmo as infames "comida de avião" e "comida de presídio"...



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Depois de já adaptado à minha nova realidade, resolvo dar um passeio pelo corredor pra "conhecer a vizinhança"... Tudo organizadinho, civilizado e tal...estou voltando pros meus aposentos quando me dirijo a palavra à uma senhora que pensava ser uma enfermeira, mas não era. Pra minha surpresa, ela me pergunta se não me chamo Antônio e estive internado no Hospital Miguel Couto. Confirmo-lhe suas suspeitas e ela, surpresa, diz que me viu nos meus primeiros dias internado lá...que eu estava bem fraquinho naquela época e tal... Seu filho também esteve internado lá de janeiro à junho e depois ela conseguiu uma transferência pro HTO. No Miguel Couto eles só não amputaram a perna do filho dela pela própria insistência da mesma. Ela contou que o intervalo ósseo na tíbia de seu filho era mais que o dobro do meu... O rapazinho de 22anos já teve várias crises de depressão por causa desse acidente (não lembro exatamente mas creio que tenha sido de moto, como 80% dos casos aqui) e sua mãe me usava como exemplo de otimismo. Depois dessa não contive a curiosidade e pedi para conhecê-lo. Rapaz jovem, robusto, gente boa pra caramba. Fiquei lá no quarto dele trocando idéia por pelo menos 20 minutos. Lá contamos cada um nossas experiências, que em alguns pontos foram bem parecidas. Ele contou que já tinha feito essa operação que eu ia fazer e esta era bem mais tranquila do que o dr.Bijos comenta. Que no caso dele, mesmo com infecção, deu tudo certo. Isso foi o que faltava pra minha confiança se tornar ainda mais concreta. Esse papo com ele foi algo que me fez tão bem que eu prontamente aconselhei minha mãe a dar um pulo lá no leito 430 e conhecê-los. Assim ela fez e depois de uns 25 minutos lá voltava ela com o otimismo e confiança que eu andava há muito esperando aparecer no seu semblante...
=D
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Mais tarde aparece uma enfermeira me dando as coordenadas de como proceder até o dia seguinte: parar de comer às 22hs (em decorrência disto tive que devorar 2 pacotes de biscoito em meia hora); despertar às 5:30 para tomar banho SEM MOLHAR O CABELO (isso porque se vou operar com os cabelos meio úmidos posso levar altos choques por causa do bisturi elétrico!) e ir logo tomando um comprimido de dormonid pra já ir ficando grogue pra amanhã... E foi assim que minha segunda-feira terminou.



TERÇA-FEIRA: DIA DA OPERAÇÃO!

O grande dia foi grogue quase do início ao fim...despertei daquele jeito e tremendo de frio direto pro chuveiro...disseram que o banho aqui era quente, mas o máximo que posso dizer é que tomei um banho "não-gelado"... depois dessa, pus uma camisolinha "frente única" ridícula de operado e voltei tremendo pra cama até ser despertado umas 9:10 pra ser levado pra cirurgia. Até deu pra tirar duas fotinhos antes de ir...
Lá no centro cirúrgico esperei... nossa, foi muito, tanto que até dei uma boa cochilada e essa demora acabou gerando algo inesperado: eu, já na mesa de cirurgia, peço com um misto de humildade e desespero : "anestesista, dá pra eu fazer um xixizinho antes de começar?".
E antes de ficar grogue com um gás sedativo, consigo ouvir a anestesista ordenando: "vamos passar uma sonda no paciente...". Ui! Mas melhor isso do que mijar em toda mesa cirúrgica... E assim parti, sondado mas aliviado.

Voltei lá pra umas 14:30 bastante grogue e o telefone não parou de tocar. E eu, morrendo de fome, não conseguia me concentrar pra descansar e chegar logo a hora de comer... E essa vontade instintiva de querer me comunicar e dizer aos outros que estava bem só fomentou ainda mais esse desassossego em que me encontrava. Mas alguma coisa eu achava estranho: eu não sentia dor alguma nas costas. "Será que acabaram não concluindo a operação?" pensei. Me bateu um gelo e decorrente disso não me mexi mais, na real com dois medos antagônicos: medo de sentir dor por terem mexido lá e medo de não sentir nada por não terem mexido nada por lá...

Fiquei assim meio estático-angustiado até poucas horas depois, quando a elegante e sagaz anestesista apareceu no meu leito e me contou o que realmente havia acontecido. Segundo ela, não foi feito nenhum corte nas minhas costas simplesmente porque não foi necessário. A equipe médica considerou que, apesar de atrofiado, a batata da minha perna ainda tinha muita massa muscular sobressalente, tanto que podia "doar" pra frente da tíbia sem problemas... QUE NOTÍCIA FANTASTICA!!! Eu poderia esperar tudo, menos uma noticia assim tão surpreendente! E já que alegria compartilhada tem mais graça, tratei de ligar pras poucas pessoas que eu ainda tinha energia pra ligar, pois à essas horas, eu já estava num esgotamento físico e psicológico digno de Rocky Balboa em final de filme... Apartir de então pude, depois de tomar uns analgésicos, claro, cair nos braços de Morfeu e IR PRA GALERA!!!
 

Postado por Antonio Bordallo às 8:02 AM

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