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domingo, setembro 10, 2006


Dìários de cadeira de rodas


Meus dias têm passado e cada vez mais encaro desafios de andar pelas ruas mal projetadas. Mal ou bem acabo conseguindo superá-los e tendo boas histórias pra contar. Talvez a coisa que me faz sentir menos diminuído na rua ao andar de cadeira de rodas é o fato de como eu encaro a mesma. Eu nunca me sinto usando um veículo para pessoas incapacitadas de alguma forma, mas sim como um tipo mais "preguiçoso" de skate ou bicicleta. É uma pena a cadeira sempre denotar alguma inabilidade, pois nem todos que dela necessitam se sentem como tal. Alguns, como eu, muito pelo contrario. Digo isso por causa de um filme documentário chamado Murderball, que fala sobre o rugby em cadeira de rodas, que apesar de ser um esporte para pessoas com lesão medular, seus praticantes não se mostram nada "frágeis"... só vocês vendo mesmo pra entender... e desde que esse conceito foi agregado á minha conduta, passei a me queixar menos da minha perna e exaltar mais a força de meus braços. Mãos (e braços) à obra!

É uma pena que só testemunhem minha real desenvoltura ao correr na rua quem não ande comigo, já que quando ando acompanhado ,por questão de educação, eu acabe andando num passo mais civilizado, por que pra mim não existe muita diferença entre minha cadeira e um skate ao andar na rua... vou num passo acelerado, driblando as pessoas em velocidade numa habilidade que acredito que tenham poucos, e em situações mais cascudas, até chego a fazer um certo sprint num acostamento de pista quando muito necessário. É claro que não faço tudo isso na loucura, é tudo risco calculado e com a cautela de quem já sofreu as conseqüências da imprudência de terceiros no transito... como dizem, “quem tem, tem medo”. E quem não tem (uma perna) tem mais medo ainda...

Desses dias de aventuras numa cadeira de rodas vou me lembrar com saudades das minhas corridas como grandes exemplos de, na necessidade, vale tudo pra conseguir cumprir as metas, não importa sua condição. Uma corrida apressada à estação de metrô ao som de "Il ballo del mattone" de Rita Pavone conferiu um clima de filme (daqueles bem alegres dos anos 60) à uma coisa que nem todo mundo na cena enxergava como os mesmos olhos... a corrida entre altos e baixos na rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, me remeteu às insólitas skate sessions na rua, onde driblar os obstáculos urbanos era a verdadeira graça de tudo e, mesmo com o fôlego e energia na reserva, consegui chegar no lugar desejado no horário estipulado.

Houve também situações que tomei um certo susto, mas não foi nada tão grave, apenas um cálculo mal feito. Certa vez na semana retrasada, saltei na estação Praça XI do metrô pra seguir em direção do curso de silk screen. Para tomar um taxi até o local do curso, é necessário eu andar um trecho de meio quarteirão ate a rua principal. Nesse pequeno caminho tinha uma área próxima dum bar que o desnível de concreto do chão fazia um degrau de uns 5 ou 6 cms. apenas. Confiando na minha habilidade rotineira de empinar a frente da cadeira por alguns instantes quando em movimento, acabou que eu cheguei nesse local numa certa velocidade, contando que na hora certa eu iria empinar a cadeira e passar em grande estilo, mas talvez por um certo nervosismo da primeira vez, eu acabei empinando a cadeira um tanto antes , e como conseqüência as rodinhas da cadeira também desceram antes, encontrando assim com a barreira física dos 6 centímetros, o que freou bruscamente minha cadeira e me jogou realmente longe,mas graças a Deus , ainda sentado, na cadeira. Foi um senhor susto, mas ainda recebi o apoio de um gari que estava justo lá naquele momento. Por um lado cheguei a agradecer haver somente uma pessoa testemunhando aquele mico. Não sei o que as pessoas pensariam de ver um maluco de cadeira de rodas correndo alguns leves riscos assim deliberadamente.

Prefiro acreditar que tudo isso é apenas um deslumbramento, uma vontade de descarregar essa vitalidade que ficou por tanto tempo presa, sem poder ser colocada pra fora. Da mesma forma que uma marca de sabão diz que “se sujar faz bem”, eu digo que “levar pequenos e leves sustos também faz bem”, talvez isso comprove que você está cada vez mais vivo. Se viver é correr riscos, cada vez mais me sinto mais vivo.

...eu estou apenas esperando sentado pela hora de ficar em pé...

=) Posted by Picasa
 

Postado por Antonio Bordallo às 2:59 PM

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